Bioterrorismo

04/11/2010 23:17

Devido aos recentes acontecimentos mundiais que levaram pânico e medo às populações do planeta, o bioterrorismo ou terrorismo químico-biológico como também é chamado está em alta nas manchetes.

 

O que é o bioterrorismo?

O bioterrorismo é o terrorismo com ações intencionais de liberação ou disseminação de agentes biológicos, vírus ou toxinas.

 

Definição de bioterrorismo

"Um ataque bioterrorista é a liberação deliberada de vírus, bactérias ou de outros germes (agentes) usadas para provocar moléstias ou morte em pessoas, animais ou plantas. Estes agentes são tipicamente encontrados na antureza, mas é possível que possam ter sido alterados para incrementar sua capacidade de causar moléstias, torná-los mais resistentes aos medicamentos existentes ou para incrementar sua capacidade de se disseminar no meio ambiente. Agentes biológicos podem ser difundidos pelo ar, através da água ou de alimentos. Terroristas podem usar agentes biológicos porque eles são extremamente difíceis de detectar e não provocam doenças antes de várias horas ou dias. Alguns agentes de bioterrorismo, tais como o vírus da varíola, podem ser transmitidos de pessoa para pessoa, enquanto outros, como o antraz, não podem."
Centers for Disease Control and Prevention (CDC) - Estados Unidos

 

Introdução de como funciona o Bioterrismo

Os ataques de 11 de setembro de 2001 alertaram o mundo quanto à realidade das novas ameaças terroristas. As chocantes imagens das Torr es Gêmeas desabando nunca serão esquecidas e esse acontecimento pode ter encoberto os eventos que ocorreram apenas uma semana depois.

A partir de uma caixa postal pública em New Jersey (em inglês), cartas que continham esporos de antraz foram enviadas para senadores dos EUA e diversos veículos de notícias. O ataque matou cinco pessoas e infectou mais 18. Além dessas trágicas perdas, os ataques aumentaram o medo e a paranóia da população e os custos totais de limpeza excederam um bilhão de dolares. [fonte:Lengel(em inglês)].

A liberação proposital de bactérias, vírus ou germes para causar danos, doenças ou morte - tornou-se uma realidade nos Estados Unidos. As três formas de se liberar agentes biológicos são pelo ar, pela água ou por meio dos alimentos. Normalmente é muito difícil detectar esses agentes e como as doenças que eles causam costumam ter efeito retardado, isso faz com que o bioterrorismo seja um crime difícil de se investigar. O caso do antraz de 2001, por exemplo, permanece sem solução.

O bioterrorismo data de 1340, quando cadáveres de cavalos doentes eram catapultados sobre as muralhas de castelos na França. Corpos humanos infectados com a peste também foram usados como munição na Europa central durante os séculos 14 e 15. Em 1763, um general do exército britânico ordenou que cobertores usados por pacientes com varíola fossem enviados a tribos indígenas americanas. Na Guerra Revolucionária (em inglês) britânica, os soldados se infectavam com traços de varíola, tornando-se imunes, com a intenção de transmitir a doença para o inimigo.

Durante a Primeira Guerra Mundial(em inglês), os alemães infectaram com antraz o gado que era enviado aos Aliados. Apesar de o ataque ter se mostrado bem-sucedido, ele levou à criação do Protocolo de Genebra em 1925. Esse protocolo proibia o uso de agentes biológicos e químicos em épocas de guerra, mas permitia que a pesquisa e o desenvolvimento desses agentes continuasse. Os exércitos britânico e alemão podem ter se envolvido com guerra biológica, mas os Japoneses tomaram a dianteira nos anos que antecederam a Segunda Guerra Munidal (em inglês). Centenas de milhares de civis chineses foram mortos por meio de ataques biológicos nas mãos do exército japonês. Um desses ataques incluía jogar, de aviões em vôo rasante, sacos de papel contendo pulgas infestadas com a peste.

Em 1984, ocorreu o primeiro caso de bioterrorismo nos Estados Unidos. Membros de uma seita na zona rural do Oregon espalharam salmonela em bares que vendiam saladas na região do condado de Wasco County, com o objetivo de influenciar o resultado de um voto judicial. No fim das contas, foram relatados 750 casos de intoxicação alimentar e 45 vítimas tiveram de ser hospitalizadas. Em 1995, outro culto matou 12 pessoas e feriu muitas mais em Tóquio ao liberar gás sarin em um metrô lotado.

 

Bioterrorismo: agentes da destruição

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) lista 39 agentes que têm o potencial de serem usados como armas biológicas, incluindo vírus, bactérias e toxinas. Antes de sair correndo para comprar uma máscara de gás , você deve saber que muitos desses agentes não são prováveis de serem usados devido a sua natureza. Na maioria dos casos, seria necessária uma quantidade enorme de qualquer agente para causar doenças ou infecções em números massivos. Tome como exemplo a ricina : seriam necessárias cerca de oito toneladas métricas dessa toxina mortal para alcançar 50% de letalidade sobre uma área de 100 km² [fonte:CDC CDC (em inglês)]. Estatísticas desse tipo tornam mais fácil restringir a lista de possíveis agentes letais que um terrorista poderia usar.

Para ajudar a categorizar e priorizar o estudo desses agentes, o Centro de Controle de Doenças (CDC) os separa em três grupos principais.

  • Categoria A - facilmente disseminado e com alto potencial para pânico, desordem e perdas em massa.

  • Categoria B - maior dificuldade de disseminação, com taxas moderadas de doença e baixas taxas de mortes.

  • Categoria C - patógenos emergentes que possuem potencial de serem letais e facilmente disseminados.

Os agentes da categoria A são os únicos suspeitos de serem ameaças bioterroristas viáveis. Veja a seguir quais agentes estão incluídos nessa categoria.

  • Antraz- esporos que podem infectar os seres humanos por meio do toque, da ingestão ou da inalação.

  • Botulismo- doença causada por uma bactéria tóxica normalmente ingerida através de alimentos infectados, e que causa paralisia muscular.

  • Varíola - doença altamente contagiosa, às vezes fatal, e que só pode ser prevenida por vacinação

  • Peste Negra- doença contagiosa causada por bactérias encontradas nas pulgas de ratos ou em outros roedores. 

  • Tularemia - altamente infecciosa, porém não contagiosa, essa doença de roedores também é conhecida como "febre de coelho".

  • Febres hemorrágicas virais - grupo de doenças causadas por vírus como o Ebola e o Marbug.

 

Bioterrorismo: organizações e métodos

É necessário muito dinheiro e tecnologia para iniciar um ataque bioterrorista em massa, por isso, ainda é mais uma ameaça do que uma realidade. A fim de lançar um ataque efetivo, uma organização precisa ter grande financiamento e ter acesso a um grande nível de conhecimento científico. Isso quer dizer que apenas os grandes grupos terroristas que podem ser financiados por seus governos poderiam executar um ataque em massa bem-sucedido. Para conseguir isso, o grupo precisaria de:

  • acesso ao agente não refinado;

  • capacidade de produzir grandes quantidades do agente em estado seco e refinado;

  • capacidade de disseminar o agente.

Existem poucas organizações no mundo que teriam os meios de lançar um ataque desses. O grupo terrorista Aum Shinrikyo, do Japão, é bem financiado e já tentou disseminar o antraz e o botulismo em várias ocasiões. Até o momento, não obteve sucesso.

Acreditava-se que o Iraque estivesse desenvolvendo armas biológicas para serem usadas com mísseis scud, mas isso é classificado como guerra biológica e não como um ataque terrorista. A União Soviética e os Estados Unidos também fizeram experimentos com armas biológicas antes de suspenderem seus programas.

Grupos menores e menos sofisticados já executaram ataques terroristas de menores proporções usando agentes biológicos, mas o objetivo normalmente é perturbar a sociedade e causar pânico nas pessoas. Os envenenamentos por meio da salmonela na década de 80, no Oregon, são um bom exemplo desse tipo de perturbação biológica.

Outro tipo de bioterrorista é o indivíduo solitário que busca fazer uma declaração social ou política. Embora o caso permaneça sem solução, acredita-se que os ataques de antraz em 2001 foram obra de uma única pessoa ou de um pequeno grupo de indivíduos.

A liberação de uma toxina por via aérea é uma das formas que uma célula terrorista pode atacar efetivamente um grande número de pessoas de uma única vez. A outra é envenenando o suprimento de água ou alimentação dessas pessoas. Se o suprimento água ou o de comida forem contaminados, podem ser isolados rapidamente e o ataque não resultaria em perdas maciças. Mas a desordem civil, o pânico e o desequilíbrio financeiro seriam enormes e, na maioria das vezes, é exatamente o que os terroristas buscam.

Os efeitos dos ataques de 11 de Setembro foram muito além das vidas perdidas em New York e em Washington, D.C. Os mercados de aviação, seguros, turismo e transporte de cargas levaram um duro golpe, que por sua vez, teve um efeito sobre a economia geral dos EUA e do mundo. Os custos diretos com a limpeza e com a reconstrução apenas em New York ultrapassaram US$ 27 bilhões e as perdas cumulativas previstas sobre a renda nacional no fim de 2003 como resultado de 11 de setembro chegaram a meio trilhão de dólares [fonte: Looney (em inglês)].

 

O que se pode fazer?

A primeira coisa a se fazer é ligar um rádio ou uma televisão para obter informações. Haverá policiais, coordenadores de emergências e oficiais do governo local disponíveis para informar se uma evacuação é necessária ou não. Cada ameaça terrorista em potencial é diferente e o coordenador de emergências em sua região terá instruções específicas para evacuação. Essas orientações devem ser seguidas de forma precisa. Por exemplo, se seus filhos estiverem abrigados na escola, você não deve tentar buscá-los.

Em caso de evacuação, leve qualquer medicamento de que você precise e, se possível, ligue para um amig
o ou parente e avise para onde você está indo. Os mesmos coordenadores de emergências que deram as ordens de evacuação também avisarão quando for seguro voltar para casa.

Além da evacuação, existem dois fatores com os quais você deve se familiarizar no caso de um ataque químico: procedimentos de descontaminação e abrigo local. O seu coordenador de emergências ou a força policial local avisará se você precisa se descontaminar. Existem três etapas importantes na descontaminação.

  • Remover rapidamente as roupas - corte qualquer peça de roupa que precise ser levantada por cima do seu rosto.

  • Lavar-se de forma meticulosa - deve-se utilizar muita água e sabão. Se os seus olhos estiverem ardendo, enxagüe-os com água fria durante 10 a 15 minutos. Se você usa lentes de contato, remova-as e não as coloque novamente.

  • Descartar as roupas - coloque-as em um saco plástico e evite tocar as áreas contaminadas (use luvas de borracha ou pinças). Lacre o saco, e em seguida coloque-o dentro de outro saco. Abandone o saco para ser descartado por um profissional.

Às vezes, se o ar fora de sua casa estiver misturado a um agente químico ou biológico, a evacuação pode ser mais perigosa do que permanecer no local. Se for esse o caso, a polícia local aconselhará que você se abrigue no local. O abrigo deve ser em uma casa ou edifício sempre que possível - seu carronão é suficientemente vedado contra o ar. Siga as etapas a seguir para se abrigar no local.

  • Desligue o sistema de aquecimento central e quaisquer outros ventiladores.

  • Feche e tranque todas as portas e janelas, bem como a cobertura da lareira.

  • Escolha um cômodo com um suprimento de água e tão poucas portas e janelas quanto possível para usar de abrigo (uma suíte com banheiro seria uma escolha ideal).

  • Fique no local mais alto possível em sua casa ou edifício.

  • Ligue um rádio ou TV e fique perto de um telefone.

  • Não beba água da torneira.

  • Prenda camadas de plástico sobre janelas, portas e ventilações.

  •  Só saia quando a polícia ou a equipe da emergência disser que é seguro.