A sociologia é frequentemente definida como: “o estudo da sociedade; da interação social humana”.
Este campo leva em conta estruturas sociais, tanto cognitivas quanto materiais. Um exemplo de estrutura social cognitiva é a instituição religiosa estabelecida e como seu funcionamento afeta a consciência coletiva. Por exemplo, os cristãos pró-vida compartilham uma posição segundo a qual a “vida” humana é um elemento separado da natureza e que matar um feto em gestação é errado. Ao mesmo tempo, o sistema monetário baseado em competição tem proponentes semeando ideias como a de que a competição é o estado social mais produtivo com o qual os humanos podem se envolver.
Estruturas sociais materiais, por outro lado, são muito óbvias e existem na forma de corporações e governos, cada qual tendo grande influência na sociedade. Claro, todas as estruturas sociais materiais vazam para dentro do reino cognitivo, pois há sempre uma ideologia por trás delas.
Agora, um problema sociológico comum tem a ver com a “natureza humana” e seu efeito num senso coletivo. Por exemplo, a maioria das pessoas foram ensinadas que seres humanos são naturalmente competitivos entre si, juntamente com a hipótese de que a estratificação social ou hierarquia também é uma “tendência humana natural”.
Isso é uma falácia.
Se você olhar para, digamos, uma alcateia de leões, verá na maioria dos casos hierarquia social e violenta competição por comida. Essa comparação é o que leva as pessoas a pensarem que essa é também uma ocorrência natural na sociedade humana (guerra, ganância, ego etc.). O que é negligenciado, no entanto, são as condições ambientais presentes nos dois casos. A alcateia de leões existe num mundo de escassez. Eles não possuem a capacidade de criar armadilhas para obterem comida, nem esta é acessível “por encomenda”. Têm de caçar e lutar uns contra os outros. Isso cria competição naturalmente, pois para sobreviverem, os leões PRECISAM ser agressivos uns com os outros. Em consequência, a hierarquia aumenta, pois o mais forte desses leões ganha mais do que os outros, e por sua vez exerce a sua dominância de forma estratificada.
De modo similar, na nossa atual sociedade humana acontece exatamente a mesma coisa. Os seres humanos têm vivido no mesmo tipo de escassez desde a aurora da existência. No entanto, à medida que o tempo foi passando, fomos nos tornando cada vez mais “civilizados” graças à nossa capacidade de criar. Ao contrário dos leões, os seres humanos são capazes de criar ferramentas e dar andamento a processos que os libertam de uma determinada tarefa ou problema, reduzindo a escassez.
Em face desse “lampejo” nós então vemos que, em um nível fundamental, se a escassez puder ser erradicada, o comportamento humano sofrerá uma mudança drástica, afastando-se da competição, dominância e estratificação.
De maneira semelhante, ideologias ultrapassadas que não passam pelo teste do tempo, como a religião teísta, fazem parte desse mito de que os seres humanos e a sociedade são construídos de uma maneira específica. Por exemplo, a ideologia católica afirma que os seres humanos “nascem com pecado”.
Isso é absurdo, antiquado e tem base num entendimento primitivo de comportamento humano.
Não há diferença entre o bebê Gandhi ou o bebê Hitler... É o ambiente e, por conseguinte, a sociedade que molda a pessoa (e vice-versa).
Portanto, uma verdadeira mudança sociológica virá com a remoção das condições que causam os padrões de comportamento aberrante que poluem as nossas sociedades. As prisões, a polícia e as leis são meros remendos e, na prática, tendem a piorar as coisas ao longo do tempo.
Em última análise, será necessário um replanejamento da nossa cultura a fim de mudar o comportamento humano para melhor.